Objetivos
1) Compreender, de forma simplificada, a história evolutiva dos mamíferos;
2) Estudar as características gerais dos mamíferos atuais;
3) Analisar as principais especializações dos mamíferos;
4) Estudar a diversidade de espécies dos mamíferos.
Comentários
Mencione "animal" para alguém e provavelmente essa pessoa irá pensar em
um mamífero. Isso acontece porque, além de pertencermos a esse mesmo
grupo de animais, alguns mamíferos são comuns à vida da maior parte das
pessoas. Tal fato, por si só, justifica o estudo dessa classe. Mas as
razões para que o conhecimento acerca dos mamíferos seja fundamental é
sua diversidade de formas e habitats - o que reflete uma incrível
capacidade de adaptação.
Das mais de 50 mil espécies conhecidas de vertebrados, apenas cerca de
4.500 correspondem a mamíferos. Apesar disso, a diversidade da classe
Mammalia é imensa: das profundezas dos oceanos até as mais altas montanhas, podemos encontrar espécies de mamíferos.
Procedimentos
1) Professor, inicie a aula pedindo para que cada aluno pense em um
animal. Em seguida, conte quantos alunos optaram por um mamífero e, se
desejar utilize o comentário acima para começar a abordar o tema dessa
aula.
2) Para que os alunos compreendam a história evolutiva dos mamíferos,
mesmo que de maneira superficial, é preciso que eles entendam a
classificação dos crânios quanto às fendas temporais.
É importante, em termos evolutivos, que os alunos saibam as diferenças
entre os tipos de crânio. Para tanto, você pode utilizar as informações
abaixo:
a) Crânio anápsido: sem fendas temporais. São exemplos os testudines (tartarugas aquáticas, terrestres e cágados).
b) Crânio diápsido: possui duas fendas temporais. Os animais viventes
que possuem esse tipo de crânio são os lagartos, serpentes, tuataras, e
aves. Muitos animais pré-históricos como o Tiranossauro, Velociraptor e
arcossauros eram diápsidos.
c) Crânio euriápsido: apresentava uma fenda temporal superior e era o tipo de crânio dos plesiossauros.
d) Crânio sinápsido: possui uma fenda temporal inferior. São exemplos
os animais ancestrais dos mamíferos, os Synapsida e os próprios
mamíferos.
3) Em seguida, professor, utilize um cladograma como ferramenta para
explicar a evolução dos mamíferos, de maneira superficial. Segue abaixo
uma sugestão de imagem:
4) Professor comente com os alunos que todos os mamíferos apresentam
(ou já apresentaram em algum momento de sua evolução) as seguintes
características, e explique-as:
a) Tegumento:
- Pelos e camada subcutânea de gordura: funcionam como um isolante
térmico, pois dificultam a perda de calor para o meio externo. São
importantes para a endotermia, ou seja, para a manutenção da temperatura
corpórea. Além de ajudar a reduzir a perda de calor, os pelos
desempenham outras funções como a camuflagem, distinção sexual e
interações sociais. Muitas vezes animais como cães, lobos, ursos, e
gatos sinalizam medo e agressividade ao eriçar os pelos. Quando uma
pessoa sente arrepio (de frio, por exemplo), seus pelos se eriçam - essa
é uma reação involuntária que tem a função de evitar a perda de calor.
Muita gente sente arrepios ao passar por alguma situação estressante.
- Glândulas cutâneas: são as glândulas sudoríparas, sebáceas,
odoríferas e mamárias. Apesar de todas as fêmeas de mamíferos
apresentarem lactação, nem todas possuem mamilos e, essas glândulas são
ausentes em machos marsupiais. O leite das fêmeas de monotremados
(ornitorrinco e as equidnas) brota de poros na região ventral e escorre
nos pelos.
b) Viviparidade: os mamíferos dão a luz a filhotes, ao invés de botar ovos - as únicas exceções são os monotremados.
c) Glândula hardeniana: associada aos olhos, essa glândula secreta uma
substância oleosa que, chega às narinas. Então, os animais utilizam as
patas dianteiras para espalhar essa substância em sua pelagem - isso
cria uma barreira contra o frio e a umidade.
d) São difiodontes: apresentam apenas dois grupos de dentes
substituíveis. Um bom exemplo disso, nos seres humanos, são os dentes de
leite e os dentes permanentes.
e) Heterodontia: a dentição dos mamíferos é formada por diferentes tipos de dentes (caninos, incisivos, molares etc.).
f) Músculos da face: é um traço exclusivo dos mamíferos, pois são
ausentes nos outros vertebrados. São esses músculos que permitem as
expressões faciais. Obviamente o desenvolvimento varia entre as
diferentes espécies.
5) Professor, agora comece a explicar sobre as principais especializações, ou adaptações dos mamíferos, e dê exemplos:
a) Quanto à locomoção: patas adaptadas para andar, correr, nadar, cavar, voar etc.
b) Respiração aliada à locomoção: o tipo de movimento realizado pelos
mamíferos aumenta a eficiência respiratória, em relação aos répteis:
c) Anexos tegumentares: unhas, cascos, garras.
d) Chifres e cornos.
e) Tipos de postura.
f) Tipos de alimentação e as adaptações relacionadas: herbívoros, carnívoros, onívoros.
g) a mandíbula dos mamíferos é formada por um único osso, ao contrário
dos demais vertebrados, que possuem mandíbula de ossos múltiplos.
5) Professor, para começar a explicar a diversidade dos mamíferos,
esclareça as principais diferenças entre os grupos da classe Mammalia:
Monotremados, eutérios e térios.
6) Em seguida, proponha a leitura dos textos
Mamíferos 1 e
Mamíferos 2 para casa, com o seguinte questionário:
a) Cite seis ordens de mamíferos com seus respectivos exemplos.
b) É correto dizer que os mamíferos apresentam uma grande diversidade? Explique sua resposta.
c) Como é o cérebro dos mamíferos e quais as vantagens de suas características?
d) Cite dois exemplos de mamíferos e explique o modo de desenvolvimento
dos filhotes dos grupos: monotremados, marsupiais, placentários.
e) Quais são as características do grupo dos mamíferos que você identifica em si mesmo? Quais você não possui?
f) Em qual momento da história da Terra os mamíferos se diversificaram? Por quê?
Mamíferos (2)
Características
Carlos Roberto de Lana*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Poucas imagens podem dar uma idéia da diversidade de formas dos
mamíferos, como se vê a seguir:
O ornitorrinco, da ordem
Monotremata, tem bico, assim como os patos; o golfinho, da ordem
Cetacea, é um mamífero aquático; o chimpanzé, da ordem
Primata, é muito semelhante ao homem; e o
morcego, da ordem
Chiroptera, voa como os pássaros.
As diferenças entre os mamíferos não se limitam à forma. O estranho mas
simpático ornitorrinco não se assemelha às aves apenas no bico de pato.
Ele também se reproduz botando ovos, ao contrário da maioria dos
mamíferos que geram seus filhotes por gestação placentária.
Diferenças e semelhanças
Nisso diferem também os
marsupiais, como o canguru e o
diabo da Tasmânia,
cujas fêmeas não possuem placenta para nutrir os fetos, que assim
completam seu desenvolvimento em uma bolsa, na barriga da mãe.
Mas se as diferenças entre os mamíferos são muitas, suas semelhanças
preponderam. Todos os mamíferos possuem respiração pulmonar e um sistema
circulatório onde um coração de quatro cavidades mantém separado o
sangue arterial (que vem do pulmão e, portanto, rico em oxigênio) do
venoso (que recebeu o dióxido de carbono das células). Nos
répteis, anfíbios e peixes não há esta separação e o sangue arterial e venoso se misturam ao longo da circulação.
Cérebro e zelo
Os mamíferos são animais notáveis por mais
duas características na qual se destacam entre todos os demais. Possuem
cérebros grandes proporcionalmente às suas massas corporais, o que lhes
confere melhor coordenação, memória e capacidade de aprendizagem e
solução de problemas.
Também são pais zelosos por suas crias, zelo este que não é
incondicional, mas que na maioria das situações e espécies sugere que o
amor é um talento especial dos mamíferos.
Na espécie
Homo sapiens sapiens, que nos define entre os
mamíferos, as habilidades conseqüentes de um cérebro grande nos dotou de
uma forma de inteligência que ultrapassa tudo que a natureza produziu
antes (até onde sabemos, pelo menos).
Espécie humana
Podemos fazer muito mais que resolver
problemas concretos, como encontrar o melhor modo de abrir um fruto ou
usar grandes folhas para nos proteger da chuva, coisas que gorilas e
orangotangos, primatas como nós, também conseguem fazer.
A inteligência humana se define por sua capacidade de abstração e
imaginação. Também somos, entre todos os animais, os mais dispostos a
defender e cuidar de suas crias.
Essas duas qualidades foram fundamentais para o homem se tornar a
espécie dominante no planeta, o que significa que de certa forma, o que
há de melhor em nós foi nossa sorte em aprimorar o que os mamíferos tem
de melhor, um grande cérebro e um grande coração. De quatro cavidades.
Mamíferos (1)
Diversidade e capacidade de adaptação
Maternidade, gravura de Pablo Picasso
|
Qualquer um que observasse a corrida da
evolução cem milhões de anos atrás e tivesse que apostar no sucesso de algum grupo de espécies, dificilmente colocaria suas fichas nos
mamíferos. Se hoje a zebra é um conhecido mamífero, na época os mamíferos eram uma grande zebra...
Afinal, no mundo dos
tiranossauros e
velociraptores,
os mamíferos não passavam de lanchinhos rápidos à disposição dos
terríveis predadores. Só que o tempo passou, os dinossauros também e
aqueles bichinhos peludos, que estavam sempre fugindo ou se escondendo
de algum
réptil, se deram bem.
Da África ao Ártico
Quando viram o terreno livre, os
mamíferos se espalharam por todo o planeta e se adaptaram a todos os
ambientes. Das tórridas savanas da África às gélidas paisagens do
Ártico, os mamíferos ocuparam terras, oceanos, rios e os próprios ares.
A razão desta adaptabilidade única entre os vertebrados, com similar
próximo, mas não alcançado, nas aves, reside nas características típicas
dos mamíferos - animais cordados, de sangue quente, cobertos por pelos,
cujas fêmeas são capazes de produzir o alimento de seus filhotes, o
leite.
Mamíferos, claro, são animais que mamam quando pequenos, uma tremenda
vantagem evolutiva, uma vez que as mamães mamíferas são capazes de
transformar suas reservas de gordura em alimento para os filhotes,
garantindo a sobrevivência deles em condições de escassez de alimentos.
Coisa que nenhum outro animal, vertebrado ou invertebrado, tem condição
de fazer.
Animais de sangue quente
Além disso, como se disse, os
mamíferos são animais de sangue quente, ou homeotérmicos, o que quer
dizer que sua temperatura corporal é constante e não depende da
temperatura externa.
Isto permite que os mamíferos habitem regiões nas quais os répteis em
geral não sobreviveriam, uma vez que estes animais precisam aquecer-se
ao sol para obter a energia necessária às suas atividades físicas. É por
isso que existem ursos polares, mas não existem lagartos polares.
Nas águas e nos ares
A grande maioria dos mamíferos é terrestre, mas
baleias, golfinhos e mamíferos fluviais como o peixe-boi representam bem o grupo pelas águas do mundo.
E se aves e
insetos
são mais comuns no céus, há pelo menos uma ordem de mamíferos
representando a classe junto aos alados, os quirópteros, nome de família
dos conhecidos, e nem sempre queridos,
morcegos.
Existem por volta de 4.600 espécies de mamíferos, cuja diversidade pode
ser constatada numa rápida olhada em algumas de suas principais ordens:
Ordem
Monotremata |
ornitorrinco,
equidna |
Ordem
Dasyuromorphia |
diabo
da Tasmânia |
Ordem
Diprotodontia |
coala,
canguru |
Ordem
Xenarthra |
preguiça,
tatu, tamanduá |
Ordem
Chiroptera |
morcego |
Ordem
Primata |
lêmur,
macaco, chimpanzé, mico, homem |
Ordem
Rodentia |
rato,
hamster, esquilo, porco-espinho, castor |
Ordem
Lagomorpha |
lebre,
coelho |
Ordem
Insectivora |
musaranho,
toupeira, ouriço |
Ordem
Carnivora |
cão,
lobo, felinos, urso, doninha, foca, morsa |
Ordem
Artiodactyla |
porco,
veado, boi, bode, ovelha, camelo |
Ordem
Cetacea |
baleia,
golfinho |
Ordem
Perissodactyla |
cavalo,
anta, rinoceronte |
Ordem
Proboscidea |
elefante |
Ordem
Sirenia |
peixe-boi |